“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos
filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas
por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será
redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta
angústias até agora.”
Romanos 8 : 19-22
Impossível não me
comover diante das imagens que eu acabei de ver pela televisão, aliadas a este
pequeno, porém importantíssimo texto bíblico. É mais do que uma comoção, é um
sentimento profundo de responsabilidade.
O planeta, que
chamamos de nosso, pois foi dado a nós e colocado sob o nosso domínio pelo
próprio Criador, está desde o princípio sujeito à nossa vaidade, produzida na
perversidade dos nossos corações; está presa pela corrupção de nossas almas, de
nossas mãos.
Escrevo este texto
chorando e clamando para que Deus seja minha voz, para que minhas palavras
expressem a dor que habita o coração divino. Macacos, aves, peixes, répteis,
felinos, frutos, fósseis, relíquias, quem sabe a cura do câncer, plantas das
mais variadas importâncias, comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas, e
até a história de nossos antepassados, de nosso país, enterrados em solos
amazônicos, tudo isso está gemendo, a um só tempo, e suportando angústias até
agora. Como um texto escrito há quase dois mil anos pode ser ainda, e a cada
dia mais, tão fresco?
A natureza, a
fauna, a flora, ardem esperando que os filhos de Deus se manifestem. Filhos de
Adão, me escutem! Escutem o clamor da Terra, da água, do ar, do fogo! Este fogo
que consome a criação dia após dia, na esperança de que os homens acordem do
sono da ganância e comecem a enxergar que a raça humana não está sozinha no
planeta, ou parem de ignorar esse fato.
Conciliar o
desenvolvimento do país, a geração de energia e empregos com a preservação da
Amazônia não é tarefa fácil. Se é difícil para os biólogos e especialistas
pensarem em soluções, quanto mais para mim, que sou leiga no assunto. Mas até
uma leiga como eu pode enxergar que este “dilúvio” com a construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA) não é o melhor caminho a seguir.
Deus não nos chamou
para habitar templos, chamou-nos para SERMOS templo, o templo do Espírito Dele.
Espírito que transforma, consola, cura, restaura, dignifica, traz vida. Cada
área da sociedade está clamando por templos como esse. O governo, a economia, a
ciência, a família, a igreja, a educação, a arte e a comunicação.
Deus me chamou para
trazer o Reino Dele através da comunicação. Por causa disso eu estou aqui
agora, comunicando a vocês essas coisas, e suplicando para que os filhos de
Adão se levantem, aqueles, principalmente, que foram chamados para atuar na
área do governo, da economia e da ciência, porque o meu papel é chamar a
atenção de vocês, alertá-los, mostrar o que está acontecendo, mas o papel de
vocês é pegar toda esta criatividade que é usada para sustentar o capitalismo e
o consumismo desenfreado e aplica-la afim de encontrar uma solução para gerar
energia sem precisar fazer parte da Amazônia virar sopa, para alimentar mais e
mais a nossa vaidade.
No país mais
diversificado do mundo será que não existe uma cabecinha pensante sequer que
possa apontar outro caminho? Ou será que no futuro só irá restar em minha mente
a foto do cacique Raoni chorando ao saber que nossa atual presidente liberou a
construção da usina? Será que os nossos governantes realmente estiveram na
Amazônia? Porque eu estive e não consigo compreender como alguém pode ter
contato com tanta vida, no sentido mais puro da palavra e deixar isso morrer
sem tentar outras infinitas alternativas.
Aonde está o povo
heroico? Como poderemos no gabar por nossos bosques terem mais vida? Símbolo do
que seremos? Que grandeza o teu futuro há de espelhar terra adorada? Grandeza
econômica e energética? Não posso aceitar que o dinheiro tenha se tornado mais
importante que a vida! Não posso engolir como verdade que não há nenhuma outra
forma sustentável que substitua a Belo Monte! Perdão pela palavra, mas que
bosta de coração corrupto e vulnerável o nosso! “Dos filhos deste solo és mãe
gentil”, e quanta “ingentileza” estes filhos tem te feito!
“E Deus prosseguiu: "Este é o sinal da aliança que estou fazendo entre mim e vocês e com todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras:
o meu arco que coloquei nas nuvens. Será o sinal da
minha aliança com a terra.
Quando eu trouxer nuvens sobre a terra e nelas
aparecer o arco-íris,
então me lembrarei da minha aliança com vocês e com os
seres vivos de todas as espécies. Nunca mais as águas se tornarão um dilúvio
para destruir toda forma de vida.
Diante disso eu clamo a Deus para que coloque este arco-íris nos corações dos poderosos e que eles desistam desse plano cruel, que matará diversas espécies da fauna e da flora, tirará as raízes de muitas comunidades, e busquem outra alternativa. Eu clamo para que nossa péssima educação pública deixe de ser instrumento de manipulação do povo em benefício de uma minoria elitizada; clamo para que a arte e a comunicação deixem de ser usadas para emburrecer e futilizar as pessoas e se tornem uma aliada na construção de um mundo melhor, mais inteligente; clamo para que a família volte a ter pai, mãe e filhos unidos, e cada um desempenhando seu papel original; clamo para que a economia olhe para os famintos e deixe de ser tão capitalista; clamo para que o governo lute por um aumento no IDH tanto quanto luta pelo PIB; clamo por uma igreja viva e eficaz que não envergonhe o nome de Cristo fazendo da casa Dele um circo de horrores cheio de misticismo e charlatanismo e espalhe fiéis por toda a “Judéia, Samaria, e até os confins da Terra”, dando as primícias da vida toda ao invés de acumular cada vez mais pessoas sob a oferta de um Deus que existe para satisfazer as nossas vontades e arrecadando milhões em cima disso.
Desperta ó tú
que dormes. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, para que entre o Rei da
Glória. Olhai menos para vossos narizes e percebei a Terra gritando ao vosso
redor para que a livre da morte.
“Ordem e
progresso!”. Quanta tolice e hipocrisia na bandeira que estampa as cores da
vida brasileira!
“Quando a última árvore tiver caído,
quando o último
rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que
dinheiro não se come.”
GREENPEACE
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